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Estar na chacrinha

“Você não morreu: ausentou-se.
Direi: faz tempo que ele não escreve
Irei a São Paulo: você não virá ao meu hotel.
Imaginarei: Está na chacrinha de São Roque”

No poema “A Mario de Andrade Ausente”, Manuel Bandeira cita imaginar que o amigo Mario de Andrade está na chacrinha de São Roque.

Mário de Andrade, além de tantas contribuições em vários setores culturais, também ajudou criar o Serviço de Patrimônio Histórico Artístico e Nacional, através do qual descobriu o Sítio Santo Antônio, localizado na cidade de São Roque.

A referida chacrinha, conhecida como Sítio Santo Antônio, foi residência do bandeirante Fernão Paes de Barros no século 17, sendo a maior e mais antiga edificação construída em taipa de pilão de todo o Estado de São Paulo. Após passar por diversos proprietários, pertenceu ao escritor modernista Mário de Andrade, que comprou a propriedade, em dezembro de 1944, dois meses antes de morrer.

A propriedade era composta pela casa-grande, construída em 1650, ponto de encontro de bandeirantes e pela capela de Santo Antônio erguida em 1681 a pedido da mulher de Paes de Barros, Maria de Mendonça.

O local foi comprado, com o intuito de ser transformado num espaço de repouso para os artistas brasileiros. Para comprar a propriedade, Mário de Andrade, se dispôs a vender uma obra de arte, de autoria de Rugendas, parte de sua coleção da qual tinha muito apreço.

Após a compra, Mário de Andrade doou os imóveis ao Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, exigindo apenas uma condição para tal feito: ser o zelador deste patrimônio enquanto estivesse vivo.

A morte interrompeu o projeto do escritor, mas o seu sonho acabou sendo realizado, que foi o de salvar o patrimônio do Sítio Santo Antônio, que hoje encontra-se aos cuidados do CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico).

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Texto e Foto: Indiara Duarte