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As conchinhas de Dona Noemia

Bertioga é um dos 15 municípios paulistas considerados estâncias balneárias pelo Estado de São Paulo. Foi um distrito de Santos até o dia 19 de maio de 1991 e consolidou sua autonomia quando elegeu seu primeiro prefeito em 1992.

Localizada no litoral paulista, possui vestígios da ocupação pré-histórica, comprovados pelos sambaquis – sítios arqueológicos, existentes na região. Tribos indígenas disputavam a região quando em 1531 o cartão postal da cidade, o Forte São João foi incendiado e reerguido mais tarde (em 1547) em alvenaria.

Uma das figuras mais importantes na história da cidade foi o alemão Hans Staden, que através de suas obras fez diversas observações sobre a terra, fauna e flora, registros de populações indígenas locais e importantes indicações sobre o desenvolvimento histórico do país no século XVI. Hans Staden fez duas viagens ao Brasil, nomeado responsável pela defesa da Vila de São Vicente pelo Forte São João, foi Capturado pelos tupinambás e permaneceu prisioneiro por cerca de nove meses.

Em 1946, a prefeitura de Santos elevou Bertioga à condição de sub-prefeitura. No fim da década de 70, o desenvolvimento da região intensificou-se, devido à abertura das estradas Mogi-Bertioga e Rio-Santos.

Passados muitos anos, no dia 19 de maio de 1991, realizou-se o plebiscito que confirmaria a autonomia do Distrito, transformando-o num dos mais novos municípios paulistas.

Foi lá, numa vila de Pescadores, no bairro de Boracéia que conheci Dona Noemia. Uma aposentada nascida na cidade de Guarulhos, costureira que trocou a vida na cidade grande pelo sossego e a calmaria do litoral. “Calmaria?!” Nem tanto… Dona Noemia logo que chegou com o marido teve que deixar a máquina industrial de fazer costuras para trás, e por causa disso precisava arrumar uma ocupação. Enquanto pensava nisso, começou a catar conchinhas na praia. Comprou uma casinha com o marido e fez do enorme quintal um estacionamento para turistas!

Assim que acabava a temporada, a aposentada voltava a pegar conchinhas… foram tantas conchinhas que Dona Noemia precisava fazer alguma coisa com elas! Foi aí que teve a ideia de revestir os vasos que tinha no quintal. E não parou por ai! Com tanto problema de infiltração ela e marido resolveram revestir a parede de casa. E não é que deu certo?! Além do visual bonito e aconchegante não precisava mais pintar a parede e muito menos se preocupar com as infiltrações! Dali em diante, Dona Noemia catava as conchinhas enquanto seu marido revestia a casa toda! Salas, quartos, quintal e ainda sobrou tempo e conchinhas para fazer o rack da sala, abajour e muito mais!

Hoje, há mais de 15 anos juntando conchinhas, a ex-costureira que esbanja simpatia e simplicidade, virou artesã! Além de tomar conta dos carros dos turistas faz artesanato com todos os tipos de conchinhas que encontra e importa de outras regiões como Espírito Santo.

Um visual incrível aos olhos de quem vê…

[Texto: Fabíola Tavares – Foto: Cadu Castro]

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