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Negócio de família


O comércio de fachada tradicional chama a atenção de quem passa. Desde 1948 a família de Walter Bottura tem a loja na esquina da Rua João Pessoa com a 7 de setembro. O pai de Waltinho, Waldemar Bottura, vendia móveis e material de construção junto com o irmão . Os móveis comprados de um fornecedor eram melhorados por ele mesmo na oficina de carpintaria que mantinha ao lado da loja. Com o crescimento da cidade logo teve que abandonar a venda de materiais volumosos, pois não era mais possível estacionar caminhões em frente à loja. A Comercial Bottura passou a vender ferragens e utensílios e assim se mantém até os dias de hoje.

Waltinho cresceu entre o balcão e a pequena escada que leva aos fundos da loja. Assumiu o lugar do pai e administra o comércio há mais de 40 anos. Entristece-se de ver que a vizinhança mudou muito. Os velhos paralelepípedos da rua foram substituídos por asfalto. “Nos anos 70, quando fechava o comércio, todos nós comerciantes daqui fechávamos a rua para jogar bola. Depois íamos para o Bar do Filé tomar alguma coisa”. Dos amigos do futebol , ele é o único que restou com seu comércio no mesmo lugar. As construções modernas ao redor contrastam com o clima nostálgico em torno de seu comércio. “E os filhos vão dar seqüência a tradição da família?” pergunto. E um sorriso triste aparece. O casal de filhos já se estabeleceu lá em São Paulo e ele diz que não sabe ainda como vai ser. O sorriso volta ao falar da esposa Rosa, que desde a aposentadoria se juntou ao marido atrás do balcão. Os dois pensam em modernizar um pouco a loja. “Mas é muito caro, vamos fazer aos poucos.”

Enquanto conversamos, no canto da loja acontece uma movimentação. Um grupo de jovens senhores se cumprimenta e conversam sentados em cadeiras. “Quando meu pai se aposentou ele costumava vir à loja e ficava sentado ali e logo ia juntando alguns amigos dele pra conversar. Meu pai já se foi, mas o espaço se tornou permanente. Hoje são os meus amigos quem vem conversar todos os dias. Virou um ponto de encontro…” Na terra da saudade Waltinho ajuda a manter viva a memória da cidade e de seus moradores.

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Texto e foto: Juliana Ramos

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