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O barqueiro fantasma

“O lugar onde é feito o anzol”, esse é o significado indígena do nome da cidade de Pindamonhangaba. Pinda, como é chamada nas conversas informais, é mais uma cidade marcada pelo percurso do Rio Paraíba do Sul, que dá nome o nome de Vale do Paraíba a essa região.

O rio, o anzol, as águas… Elementos característicos da cidade. Muitas das lendas que a permeiam o imaginário local estão ligadas à água. Uma delas é a do barqueiro do Vale do Paraíba, contada pelo pesquisador de História Newton Lacerda, que a ouviu pessoalmente de um dos pescadores profissionais que viviam à beira do Rio.

Nesta época ainda não havia nenhuma ponte ligando as duas margens do rio. Quem queria atravessar de um lado para o outro tinha que ir até um ponto onde o rio era mais estreito e fazer a travessia por canoa ou por um batelão. O batelão é uma grande embarcação construída de madeira, sem muitas acomodações, usada principalmente para transportar cargas.
Pois bem, o batelão era de um barqueiro conhecido como Nhô Zé. Ele era mestiço – negro e índio – e tinha o maior prazer em exercer o seu ofício. Com muita alegria e orgulho, ajudava a transportar as compras que os moradores levavam da cidade, e a levar os produtos colhidos pelos agricultores da outra margem para vender.

Nhô Zé se sentia muito útil até que foi construída a ponte sobre o Rio. Aos poucos o trabalho que lhe dava tanto orgulho foi sendo deixado de lado, e Nhô Zé foi perdendo a alegria de viver. E quando não havia mais movimento algum no batelão, o barqueiro entristecido olhou para os equipamentos que tantas pessoas carregaram de um lado pro outro do rio, agora sem utilidade… Foi neste instante que ele morreu, junto à necessidade do ofício que exercia.

O tempo passou até que algumas pessoas começaram a ser assustadas por barulhos sem explicação. Eram conversas, risadas, vozes, batidas de remos na água que vinha exatamente do lugar onde Nhô Zé fazia a travessia. Uns achavam que estavam loucos, outros bem se lembravam de que aquele era o barulho que o barco fazia durante as travessias. É o batelão fantasma de Nhô Zé cruzando o rio Paraíba do Sul.

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Texto e Foto: Marina Krauss

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