Os moradores da cidade são chamados de santa-adelienses. Seria muito óbvio imaginar que a cidade recebeu esse nome devido à padroeira da cidade, a santa de nome Adélia. Ledo engano. Adélia na verdade, nunca foi santa. (Por favor, não me levem a mal, é apenas uma constatação, não teço julgamento morais). Não que a moça tenha tido uma vida desregrada, longe disso, mas Adélia nunca foi santa porque nunca houve uma santa com este nome. A santa que existiu mesmo, se chama Adelaide, que viveu e morreu na França antes do ano 1000. Seu nome foi “aportuguesado” para Adélia, e pode-se encontrar referências a ela também como Alice. Enfim, Adelaide no Brasil virou Adélia.
Aí você se pergunta: Em qual ponto, a história de uma princesa francesa, do período medieval conhecido como “idade das trevas” (outro fato histórico facilmente comprovado, não sou eu quem está chamando o período assim), enfim, quando ela se conecta com a cidadezinha do interior, a cerca de 30 km de Catanduva? A resposta é simples: Em ponto nenhum. A santa foi escolhida, pela coincidência de seu nome nacionalizado, como a padroeira da cidade, mas historicamente, sua relação com o município brasileiro do noroeste paulista é mesmo nenhuma.
Eis que surge a parte interessante do conto aqui relatado: o nome da cidade, na realidade é uma homenagem à filha do fundador de Santa Adélia, essa sim se chamava Adélia, de verdade. Seu pai, o homem que doou as terras nas quais a cidade se desenvolveu e cresceu, foi Luiz Santos Dumont. Outro personagem, outra história curiosa pra deixar tudo ainda mais interessante: Afinal, quem foi este senhor?
Um mistério facilmente desvendado: Luiz era um rico fazendeiro e engenheiro, casado com dona Adalgisa. Mas foi seu irmãozinho mais novo quem fez o nome da família entrar pra história: Alberto Santos Dumond (sim, ele mesmo) ou “o pai da aviação” como é mais conhecido. Enfim, uma coisa tira a outra, e o relato chegou ao fim. Um conto com cara de “causo”, cheio de curiosidades, porém, tirando alguns comentários e trocadilhos, os fatos são reais. Quer conferir? Então visite Santa Adélia!
Texto: Paola Brunelli
Foto: Marco Aurélio Esparz / CC BY-SA 3.0