“Quem quiser meu endereço que não se faça de arrogado. É só chegar lá em Andradina e perguntar pelo rei do gado”. O trecho da música caipira “Rei do Gado”, composta por Teddy Vieira e cantada originalmente por Tonico e Tinoco ao som de violas, retrata uma peripécia do fazendeiro e pecuarista Antônio Joaquim de Moura Andrade, fundador do município de Andradina.
Localizada a 630 km da capital paulista, a cidade foi idealizada por Moura Andrade que conseguiu a construção de um ramal ferroviário da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil ligando as cidades de Araçatuba, em São Paulo, e Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul – o que incentivou a criação de povoados às margens da ferrovia. Ele encomendou um projeto de urbanização a engenheiros renomados da época e loteou gratuitamente pequenas partes de sua propriedade, a Fazenda Guanabara, para aproximadamente seis mil famílias.
“Moura Andrade foi um homem visionário”, comenta o secretário de Cultura de Andradina, Gilvaine Osmos. “Ele construiu um povoado com recursos próprios e tudo com bastante velocidade. O Rei do Gado trouxe progresso”, afirma. A neta do pecuarista, Stela de Andrade, conta que seu avô se tornou o maior criador de gado do Brasil na década de 40.
Stela revela que a música escrita em homenagem ao seu avô inspirou um codinome ao município: Terra do Rei do Gado. A cidade é regionalmente conhecida por esta identidade. “Ele adquiriu grandes quantidades de terras no noroeste paulista, promovendo uma colonização digna da admiração de países adiantados como os EUA e Japão por sua concepção moderna e progressista para a época pós-guerra”, diz a neta de Moura Andrade.
O fundador é lembrado anualmente durante os festejos de aniversário do município quando acontece a tradicional Marcha do Rei do Gado. Na ocasião, os pecuaristas da região desfilam com seus animais bovinos e charretes pelas ruas e se encontram no recinto de exposições, onde é oferecido churrasco gratuito para toda a comunidade.
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Texto: Breno Alves | Foto: Marinho Rodrigues
