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Brigadeiro de banana

O marketing político registra na história ao menos duas finalidades básicas: primeiro, gerir a boa imagem daqueles que aspiram a cargos políticos; segundo, criar um doce genuinamente brasileiro e intitulá-lo “brigadeiro”. Brigadeiro? Sim, isso mesmo! As origens do doce que acompanha o bolo de aniversário remontam aos tempos da Segunda Guerra mundial, no período de campanha do então candidato à sucessão presidencial de Getúlio Vargas, o brigadeiro Eduardo Gomes. Decididas a conquistarem os eleitores pelo estômago, as mulheres que apoiavam o brigadeiro inventaram o doce de mesmo nome misturando leite condensado com chocolate em pó. Sucesso! Menos para Gomes, que perdeu feio para Dutra.

Seis décadas depois de sua invenção, o brigadeiro já faz parte da culinária brasileira, mas agora com inúmeras versões em variadas cores, sabores e formatos, que compõem cardápios de diferentes regiões do Brasil. Em Fernandópolis, interior paulista, vamos conhecer mais uma história de brigadeiro. Agora, sem militares e candidatos, mas envolvendo uma jornalista, a Poliane, que inventou uma diferente e premiada receita de brigadeiro.

Apaixonada por doces desde criança, Poliane decidiu fazer brigadeiros para servir no aniversário de 1 ano da sua filha. Inventou diversas receitas e serviu aos convidados, que ao final, elogiaram bastante seus docinhos. Até então, Poliane não se interessava por gastronomia, tão pouco por atuar profissionalmente na área. As coisas começam a mudar quando Poliane aceita o pedido da sua primeira cliente, a mãe de uma amiga que está prestes a fazer aniversário e quer servir os deliciosos brigadeiros da jornalista. Resultado: mais elogios e uma chuva de pedidos por telefone.

Poliane decide chutar o balde, ou melhor, o emprego no jornalismo e se dedicar exclusivamente à arte de bolear. O Facebook foi sua primeira ação de marketing (olha ele aqui outra vez). “Comecei com dois ou três sabores por dia e soltava na Internet”, diz a mais nova doceira de Fernandópolis, que fazia suas receitas em casa e entregava as encomendas em caixinhas personalizadas.

Já com loja montada e ainda espantada com o sucesso dos brigadeiros, Poliane não deixou a criatividade de lado e tirou inspiração da família para criar um novo sabor. “Meu pai é uma barata… e louco por banana”. Excluindo as baratas da receita, Poliane focou na banana. Fez alguns testes amassando a fruta e acrescentando leite condensado, creme de leite e chocolate branco. Em poucas tentativas ela consegue a aprovação do pai para sua mais nova invenção – o brigadeiro de banana.

Nesse período, os ventos da boa sorte sopraram em direção a Brigadeiro Real. Eis que entram pela porta da loja representantes de uma revista de culinária que estão viajando pela região à procura de pratos doces e salgados com alguma história para contar. Poliane recebe da revista a proposta de inscrever seu brigadeiro de banana em um concurso que avalia milhares de receitas típicas do estado de São Paulo. Em uma competição macrorregional, o brigadeiro fernandopolense concorreria com mais de 80 receitas originárias das cidades pertencentes ao trajeto de Santa Fé do Sul a São José do Rio Preto. Destemida, Poliane topou e inscreveu sua nova criação.

E como tudo indica, claro que o brigadeiro de banana foi classificado! A receita ficou entre as quatro melhores da macrorregião, segundo o paladar de 10 chefes conceituados que julgaram os finalistas. Como prêmio, em novembro de 2014, Poliane teve a oportunidade de apresentar sua iguaria para dezenas de milhares de pessoas no Festival Gastronômico Sabor de São Paulo, uma iniciativa do Governo do Estado e da revista Prazeres da Mesa. E não parou por aí. O brigadeiro de banana também entrou para o Guia Turístico-Gastronômico Sabor de SP, que é distribuído pela Secretaria de Turismo em agências de turismo, órgãos públicos vinculados a ela e também disponibilizado em sua página na internet.

Obviamente, após o concurso, com os holofotes voltados ao brigadeiro de banana, as vendas explodiram, com três vezes mais procura pelo novo sabor do que os tradicionais. Além da fama, Poliane acredita em outro fator primordial para o sucesso dos seus brigadeiros. Ela diz “eu acho que a questão é a mão”, ao garantir que o segredo está no ponto do seu brigadeiro. Além da preocupação de utilizar produtos de primeira linha, como o chocolate belga em barra, a massa de todos os seus sabores é mexida manualmente, assim como o boleamento. Os brigadeirólatras de Fernandópolis e região agradecem!

E você, já experimentou o brigadeiro de banana? Tem alguma receita inusitada de brigadeiro? Conte aqui sua experiência.

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Texto: Anderson Carvalho

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