Carregando...
Texto alternativo Texto alternativo

As memórias de Dona Cida na cidade Esperança

Moradora da cidade desde 1969, a mineira Maria Aparecida Marciana – a Cida – coleciona histórias de um tempo longínquo, das mudanças importantes, da expansão e do processo de urbanização de Itapevi.

Durante três décadas, ela morou no sítio do Tatá, localizado na Avenida Portugal, n° 202, no bairro Refúgio dos Pinheiros, onde criou seus dez filhos e trabalhou como cozinheira por mais de 30 anos, passando por momentos memoráveis que explicam a sua relação e tudo que vivenciou na cidade.

No início, não tínhamos ônibus circular, eram poucas as escolas, e a estação era de madeira. Os anos foram se passando, a cidade foi crescendo, melhorando e nesses mais de 45 anos em que estou aqui muita coisa mudou“, contou Dona Cida, que também lembra, rindo, de quando o povo corria pra conseguir subir as escadinhas do trem da antiga FEPASA, que às vezes passava da plataforma da estação.

As memórias de Cida se cruzam com passagens marcantes de sua vida e mostram a sua relação com a natureza. Desde que começou a residir no sítio, ela apreciava o cultivo de flores. O passado e o presente se cruzam em suas histórias: o bairro que hoje comporta o Centro Logístico de Itapevi, no passado era apenas um conjunto de morros, pedreiras gigantes e muitos pinheiros. “Meu marido amava plantas, ele cultivava orquídeas e estrelícias e quando o orçamento apertava, eu envazava as melhores e saia para vender.”

Ruas de paralelepípedo e matagal ao redor, esse é o cenário que ilustra o trajeto até sua antiga casa, em frente ao antigo fórum e a capelinha que não existe mais, Cida passou boa parte da sua vida rodeada por uma paisagem cercada de verde, fez amigos, viu os filhos crescer, partilhou de experiências marcantes e desbravou sua vida na ’’cidade dos novos telhados’’, onde construiu sua história.

Dos causos que conta rindo, tem a busca pela água, naquele período não havia água encanada e o jeito foi furar um poço artesanal. “Ficamos um dia todo naquele sol escaldante cavando para achar um olho d’água, no final do dia conseguimos achar um pouco de água que rapidamente foi aumentando, enchíamos as piscinas, os baldes, os tanques e assim fomos vivendo.”

__

Texto: Jefferson Lima Miller | Foto: Arquivo Pessoal