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Entrevista com Jesus

Figura conhecida por todos, carismático, sempre disposto a ajudar, com bom humor e muitas histórias para contar. Assim que entrei na Igreja Matriz São José, no centro de Mogi Mirim e dei de cara com Jesus, não tive dúvidas. Esse seria o meu entrevistado da cidade, afinal não é todo dia que encontramos um funcionário de uma paróquia com um nome tão forte entre os fiéis.

Jesus Aguilar de Moraes Vilela, 40 anos, chegou à igreja com 18 anos trabalhando como voluntário. Até que por volta de 1997 um funcionário saiu e o padre o convidou para o cargo de auxiliar administrativo. A primeira pergunta é óbvia: “Por que o nome Jesus?” e a resposta logo nos mostra o jeito despojado do nosso entrevistado.

“É fácil fazer promessa para os outros pagarem né? Foi promessa que meus pais fizeram e o pior você não sabe. Nunca me contaram que promessa foi essa! Insisti durante muito tempo, mas eu percebi que eles ficavam bravos e eu acabei deixando pra lá”. Pois é, nem ele tem todas as respostas e continua com a dúvida até hoje. Mas em seguida revela que sem querer, acabou descobrindo qual seria a outra opção dos seus pais.

“Era pra me chamar Tobias. Eu não tinha escapatória né? Ia continuar sofrendo bullying na escola do mesmo jeito. Também, até eu me zuaria”. E tal qual um filme de comédia da sessão da tarde, não faltam trabalhadas e confusões no dia a dia do trabalho.

“O pessoal da igreja, amigos e parentes me chamam pelo apelido “Jê”. Ai eu pedi autorização para o padre, porque não queria mais atender com meu nome, só pelo apelido. O problema é que foi justo na época que o ministério da saúde estava lançando os remédios genéricos. E quando eu ligava para os fornecedores, eles perguntavam – “Jê” de quê? – ai eu pensei: putz, não vai adiantar nada. E em um dia que eu estava de saco cheio e falei que era de Genérico. Ai ligaram o Jesus que trabalha na igreja e não é o original, com o genérico. Tem gente que me chama de genérico até hoje. Tudo bem vai, se é o genérico eu toco o barco. Agora continua Jesus pois o “Jê” não deu certo.”

Quem quiser ouvir mais histórias engraçadas da vida do “genérico” basta comparecer à secretaria da paróquia e ele sempre tem uma palavra, uma história ou quem sabe até mesmo uma parábola para te animar.

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Texto e foto: Danilo Lima

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