Carregando...
Texto alternativo Texto alternativo

O enterro do baú

A cidade princesa do noroeste paulista foi fundada em 25 de outubro de 1908 por freis capuchinhos. Terra do preservado e limpo rio Tietê e de Maria Chica, fazendeira e cultivadora de café. A cidade é referência quanto à produção e conservação da cultura local.

Mas é o interesse pela preservação histórica da cidade que move os penapolenses. O falecido professor Orentino Martins idealizou um baú, construído artesanalmente com madeira, em 1958. Ele arquivou na caixa, juntamente com autoridades e representantes da comunidade, fotos, documentos e outros registros que sintetizavam os 50 anos de municipalização. O baú foi enterrado em frente à escola Luiz Chrisóstomo de Oliveira, a primeira instituição educacional a ser construída na cidade, sob a estátua de São Francisco de Assis, padroeiro de Penápolis. A escola localiza-se na mesma quadra da praça 9 de Julho e do Centro Cultural Dr. Braulio Sammarc, onde acontece o Circuito Sesc de Artes.

Segundo a diretora do Museu Histórico e Pedagógico “Memorialista Gláucia Maria de Castilho Muçouçah Brandão”, Alessandra Nadai, a ocasião fez parte dos festejos de aniversário de Penápolis. “O acontecimento gerou bastante expectativa da população. Tudo foi transmitido ao vivo pelas rádios locais”, afirma Alessandra.

No centenário da cidade, em 2008, houve uma cerimônia de retirada da caixa. Uma nova geração de autoridades, representantes da comunidade e munícipes se reuniram para conferir o que os antepassados haviam depositado. A neta do professor Orentino Martins, aconselhada pelo avô, presenciou o acontecimento. Desde pequena, ela possui uma carta escrita por Orentino em que ele a orienta a representá-lo nas cerimônias de 100 anos.

Em 25 de outubro de 2008, o rito se repetiu. Novamente foi enterrado um baú sob a estátua de São Francisco. A caixa guarda novas fotos, revistas, recortes de jornais, CDs, DVDs, documentos, cartas e outros objetos que caracterizam a cidade no ano do centenário. Em 2058 uma nova geração presenciará o ato festivo.

“A mobilização trabalhou a memória do lugar, do patrimônio. Criou um clima na cidade de espera pelo abrir do próximo baú”, revela a diretora do museu. Para Alessandra, diversas questões permeiam os moradores. “Como será Penápolis? Qual a impressão que se terá do passado e como se planejará o futuro a partir das necessidades de 2058? E quais serão as necessidades dos moradores? Há ansiedade envolvendo o baú”, explica.

A intenção é orientar os futuros cidadãos quanto à história local e interagir com os penapolenses durante o tempo. O conteúdo do baú do cinquentenário permanece no acervo do Museu Histórico.

__

Texto: Breno Alves | Foto: Marinho Rodrigues

Posts relacionados

O pequeno baterista, motorista de ambulância

Sorrisos e histórias da Princesa da Noroeste