Santa Fé do Sul tem localização privilegiada. Próxima das fronteiras de São Paulo com Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, coleciona extensas paisagens naturais que proporcionaram seu desenvolvimento turístico, calcado nas águas do Rio Paraná e do lago artificial de Ilha Solteira.
Os atrativos do município, contudo, vão além de suas riquezas geográficas. Santa Fé do Sul ostenta parques, museus, monumentos e praças temáticas que transformam seus bairros e ruas em verdadeiros cenários épicos em pleno ambiente urbano, que além de agradar o olhar e lotar memory cards das câmeras visitantes, também colaboram para sua conservação histórica.
Entre os monumentos distribuídos pela estância turística – são nove no total- seis chamam a atenção por sua ousadia estética e contemporaneidade. São obras do artista plástico Adélio Sarro Sobrinho, inauguradas em 2008, em comemoração aos 60 anos da cidade.
Pintor, escultor e vitralista, Sarro nasceu em Andradina, em 1950. De família humilde, decidiu se dedicar às artes influenciado pelas obras de Portinari, que conheceu por acaso numa visita ao museu dedicado ao escultor em Brodowski (SP). Sua trajetória iniciada na Praça da República, em São Paulo, teve sequência com exposições em renomadas galerias dos Estados Unidos, Japão, Austrália, Itália, Alemanha, Suíça, Bélgica, Noruega, entre outros, que o tornaram rapidamente conhecido pelo mundo. Três livros já foram dedicados ao artista, que possui obras expostas em diversas coleções particulares no Brasil e no exterior , além de trabalho s produzidos sob encomenda para as mais diversas ocasiões e locais.
A temática frequentemente explorada por Sarro encaixa-se perfeitamente com os temas dispostos a ele para colorir as ruas de Santa Fé. O artista busca um aprofundamento ideológico de suas personagens, na maioria, homens do campo em contato direto com a natureza e sob a influência dela.
Em Santa Fé, suas obras seguem este estilo característico: personagens que não esboçam sorrisos, mas, em suas feições, de formas básicas e bem definidas, encontra-se uma inegável simpatia, identificação que tem bases na terra e no ser humano. As figuras fortes que criou para ocupar lugares icônicos da cidade são representações grandiosas, que transmitem em imagens o cheiro da terra, o valor do trabalho e a onipresença da água, elemento chave na formação da cidade e de sua cultura popular.
O “Caminho das Águas”, o “Monumento à Pesca, Ao Trabalho, Ao Lazer e À Mulher”, o “Monumento Ao Esporte”, o “Monumento aos Colonizadores e Imigrantes”, o “Monumento aos Estados”, e, principalmente, o “Monumento aos 60 anos” (um obelisco de 17 metros de altura que simboliza o marco zero da cidade), são obras de arte a céu aberto, que além de imortalizar a história e os costumes de uma região para a posteridade, ostentam amostras do talento ímpar de um artista capaz de absorver o cotidiano popular e extrair dele a poesia.
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Texto e fotos: Jeff Santanielo