Ali pertim de Minas, mas ainda em São Paulo, Divinolândia faz jus ao nome em vários aspectos, nas paisagens montanhosas já com carinha mineira, no carinho e hospitalidade das pessoas da cidade, que chegam ser angelicais, e na culinária que carrega essa mistura conhecida do café com leite e que acabou criando o pão de queijo doce.
Um italiano da família Fornari fez de Divinolândia sua terra e abriu uma padaria quando chegou ao Brasil no período da imigração. Os mineiros, comerciantes que passavam sempre por lá pediam o tradicional pão de queijo mineiro. O Senhor Orfeu que não conhecia o tal pão de queijo, enrolava com um “semana que vem tem” e nesse meio tempo foi desenvolvendo uma receita com o que imaginava que seria um pão de queijo, baseado em um pão doce. A receita passou, de geração em geração, do Seu Orfeu para sua nora, e dela para o seu filho, Orfeu Fornari Neto.
Não pude resistir e provei o melhor pão de queijo doce que se pode comprar na cidade e fiquei com a aquele sabor de um bolo de queijo, com um quê de sonho, singular, mas ok. Até que na semana seguinte volto à cidade e sou presenteada pelos Fornaris com uma forma de pão de queijo doce feita pela família com o carinho de Dona Cida e seu filho. Agora sim! Falta palavras para o prazer da cobertura de queijo com calda doce que deixa o bolo molhadinho na medida certa! Você pode estar pensando: ah, mas está mais para bolo. Talvez, mas o pão de queijo está mais para biscoito de polvilho do que para pão. Polêmica!
A receita eles não escodem não. A Dona Cida já deu curso pra ensinar o prato típico da cidade, fez a receita na TV, libou a foto do caderno de receita de família que você pode ver abaixo… Segundo a família, o que muda não é o tempero, é mão!
Texto: Michelle Magrini