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Para ver com olhos de menina

Sexta-feira, 29 de março: o primeiro dia do Circuito Sesc de Artes 2019 foi também o dia da minha estreia como espectadora de toda essa arte na rua para todos. Escolhi o roteiro 5 e segui rumo a Itapecerica da Serra, uma cidade do ladinho da capital, mas onde eu nunca tinha pisado.

Daí que a situação foi essa: cidade nova, paisagem nova, gente de todo canto, sotaques cruzados, “erres” puxados, as luzes brincando no chão da praça até se ajustarem, o som dos instrumentos afinando. Difícil sossegar o olhar e os pés que queriam percorrer tudo, ver tudo, guardar tudo que fosse possível pra depois poder contar pra vocês aqui.

O primeiro espetáculo do dia foi Ninhos, da Balangandança Cia. Os sons começaram delicados; os movimentos, leves. O público ia chegando tímido, um pouco encolhido pelo vento e as gotinhas que ameaçavam virar chuva. Ao lado passavam os carros, as gentes, os ciclistas – todos curiosos com a dança, e eu curiosa com todos.

Até que vi Nina e então não vi mais ninguém. De uniforme da escola, sentada num cantinho, muito atenta – muito plena eu diria, se não fosse soar hipster demais. Enfim, Nina tão satisfeita em observar a dança; eu tão feliz de assistir à Nina. E se os olhos dela permaneciam completamente fixos no espetáculo, seus braços, pernas e pés não podiam ficar parados. Conduzida pelos artistas, a menina virou bicho, pássaro, ninho, vento e voou.

Foi assim que, das lindezas todas do meu primeiro Circuito Sesc de Artes, a que eu vou guardar na memória não estava prevista no folheto da programação. Obrigada, Nina, por lembrar a gente como é bom ver as coisas com olhos de menina!

Texto: Cristiane Komesu
Imagens: Anderson Carvalho e Zé Carlos Baretta

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