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Retratando as águas do interior

Imagine navegar pelo maior canal artificial de água doce da América Latina?  Com certeza uma aventura e tanto, né? São 9.600 m de comprimento, 50 m de largura e 12 m de profundidade. Uma imensidão de água que faz parte da paisagem de Pereira Barreto – SP. E se você achou muito o título de maior da América Latina, saiba que o Canal de Pereira Barreto é ainda o segundo maior artificial de água doce do mundo!

A beleza do lugar encantou o fotógrafo Moisés Eustáquio, que em janeiro deste ano resolveu fazer registros do canal durante uma travessia de caiaque e stand up paddle. Uma turma da região resolveu se aventurar pelo imenso corredor de água. E em cada paisagem, uma inspiração diferente. Cliques que retratam uma das maiores obras da engenharia moderna.

 

“Registrar essa travessia foi um grande prazer e um desafio. Depois das fotos na largada, como estávamos sem comunicação e não sendo possível visualizar os aventureiros, precisei me deslocar de carro por uma vicinal e calcular o trajeto a fim de mobilizar o drone. Foram três etapas, a segunda sobre a ponte e a outra na chegada ao local batizado de ‘Porto”.

Nessa correria, Eustáquio conseguiu registrar um momento e tanto! O círculo de caiaque foi feito bem no meio do canal. A estrutura atrai turistas de toda região da Estância Turística de Pereira Barreto. É um bom lugar para descanso ou para a prática de esportes aquáticos.

“Me senti privilegiado em acompanhar o grupo de forma espontânea, apenas pelo prazer de presenciar uma façanha inédita, que foi a travessia. Eu respiro fotografia e busco o melhor em cada click. Aprendo algo novo a cada dia e dificilmente vou a campo sem pedir a orientação de Deus”.

 Um percurso exuberante e surpreendente… Olhar para o Canal de Pereira Barreto é sentir-se convidado a conhecer toda a sua extensão. As fotos tiradas no Canal de Pereira Barreto serão protagonistas de seu livro “Rios do Oeste”, um projeto inédito que visa divulgar o potencial dos rios do extremo noroeste paulista.

“O projeto ‘Rios do Oeste’ traz um grande ensaio fotográfico que busca a beleza contida nas margens dos rios do extremo oeste paulista: Tietê, Paraná, Aguapei/Feio, Do Peixe, São José dos Dourados, seus afluentes e o Parque Estadual do Aguapeí, um dos últimos locais aonde ainda é encontrado o cervo do pantanal no estado de São Paulo.”

Segundo o fotógrafo, a ideia do projeto é apresentar o contexto dos rios, suas atividades turísticas e comerciais. O Canal de Pereira Barreto, por exemplo, é hoje integrante de uma das mais importantes vias de transporte fluvial do país, a chamada Hidrovia Tietê-Paraná.

 

Navegabilidade e geração de energia

O canal de pereira Barreto recebe o nome de “Deoclécio Bispo dos Santos”, e foi construído na década de 1980, interligando as bacias hidrográficas dos Rios Tietê e Paraná, através do Rio São José dos Dourados, localizado em Pereira Barreto. Essa interligação possibilita a geração de energia integrada entre os reservatórios de Ilha Solteira e Três Irmãos.

Além disso, o Canal é ainda efetivo ao transporte hidroviário, isso porque viabiliza a integração comercial por navegação entre os Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Sem o canal, não seria possível essa navegação entre os rios Tietê e Paraná, rota que hoje se tornou essencial para o escoamento da produção agrícola, além ainda de ser usada para o transporte de passageiros.

Um sistema de eclusas viabiliza a passagem pelos desníveis das muitas represas existentes nos dois rios. Segundo o DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de transportes, a hidrovia possui uma extensão de 2.400 km, sendo 1.600 km no rio Paraná e 800 km no rio Tietê.

Esse tipo de transporte desafoga as rodovias, evitando uma série de problemas como a agressão ao meio ambiente.

 

Texto: Pollyana Moda
Fotos: Moises Eustáquio

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