Quando você chega em uma nova cidade, qual o seu olhar para ela? Procura pontos turísticos, observa como é o povo que lá habita, se é bem sinalizada, movimentada, pacata, tudo ou nada disso?
Em Vinhedo, cidade a 75 km da capital e com uma população de mais de 72 mil habitantes, a chegada do Circuito Sesc de Artes gerou questionamentos como esses. Mas algo que pode ser considerado bem comum atraiu ainda mais a atenção dos que chegaram carregando a arte na bagagem. Logo ao descerem do ônibus, artistas e membros da equipe Sesc notaram as árvores da Praça Sant’Ana. A grandiosidade, exuberância e a disposição na praça passariam a ser uma constante até ao fim da programação.
“É uma possibilidade de espaço de apreensão e escuta do lugar”, reflete o artista plástico e professor de desenho Paulo Von Poser, que veio como orientador na oficina Desenhando a Cidade, com o grupo Urban Sketchers, que se dedica a desenhar paisagens urbanas. Ele foi o primeiro a trazer as árvores para o papel, que foi ganhando mais elementos conforme as atividades do Circuito aconteciam.
E pra quem está em seu habitat, como é observada a vinda do outro? Se para o artista que chega à cidade, as árvores da praça se destacam, para quem mora em Vinhedo, o ônibus amarelo – com os dizeres “arte na rua para todos” e o logotipo do Circuito Sesc de Artes – é o elemento que chamou a atenção para vermos as formas e cores relidas em desenhos.
Várias crianças da rede pública da cidade e do Projeto Guri de cultura social, que vieram participar das atividades do Circuito, decidiram por retratar justamente o ônibus que trouxe a arte para as ruas da cidade. “Esse trabalho de observação e atenção ao que é estrangeiro as crianças tiveram, e é genial. E algumas acabaram também por retratar a arquitetura que estava em volta do ônibus”, comenta Paulo.
CENOGRAFIA NATURAL
As árvores acabaram também por chamar a atenção de quem estava lá para registrar a arte que chegara na praça. Nas imagens a seguir, você confere a participação das árvores da Praça Sant’Ana em momentos de teatro, música, circo, artes visuais, literatura. Mais do que sombra, ar refrescante e acolhimento, uma cenografia natural.
Texto e fotos: Giuliano Martins